quinta-feira, 17 de maio de 2007

Carta aos professores

Segue a carta de nós estudantes ocupados no prédio da diretoria da FFC.

Aos professores da Faculdade de Filosofia e Ciências

Nós, estudantes ocupados gostaríamos de abrir um diálogo que consideramos fundamental com os professores dessa faculdade e esclarecer os reais motivos do nosso movimento e eventuais boatos. Em nenhum momento impedimos o funcionamento de atividades essenciais da Universidade em setores como o RH e Finanças, nem a entrada de qualquer pessoa para pegar eventuais pertences pessoais no prédio desde que acompanhada pela comissão de segurança do movimento. Muito pelo contrário, estamos completamente em acordo que estas seções funcionem.
Nós lutamos por mais professores, funcionários, infra-estrutura e uma série de itens que invariavelmente nos ligam a uma luta, mais ampla, por mais verbas para a educação e contra os decretos do governador. No entanto, há em nossa pauta itens democráticos que não se gastaria um centavo sequer, bastando apenas vontade política da direção/reitoria. Entre estes, reivindicamos que os estudantes possam utilizar livremente da infra-estrutura da faculdade. Hoje somos impedidos de agendar salas, anfiteatro ou requerer qualquer material. A solução que temos encontrado muitas vezes é ter que pedir a algum professor mais próximo que agende salas, anfiteatro, etc. Esta reivindicação é muito simples e não seria nada “novo”, afinal essa restrição é recente, sendo que há pouco tempo podíamos agendar livremente o anfiteatro para realizar assembléias, eventos, ou solicitar as filmadoras para fazer trabalhos, etc. Há outra questão de mesma ordem como a abertura permanente do campus e não conseguimos entender o porque a intransigência da direção em atender estes pontos.
Além destes, também nos mobilizamos por assistência estudantil. A universidade pública brasileira hoje tem uma composição altamente elitista e que as políticas implementas pelo governo federal, estadual e pelas próprias reitorias só acentuam este quadro. No entanto, há ainda uma parcela de estudantes de camadas menos favorecidas da população sem condições de se manter na Universidade. Sem assistência estudantil, os poucos que conseguem passar pelo funil do vestibular são obrigados a desistir dos seus cursos. E este ano, novamente a direção alterou o critério de seleção de Bolsas à revelia dos estudantes.
Não queremos só assistência estudantil, também queremos emprego, garantia de trabalho e de condições de trabalho, mas o que vemos pela frente é precarização e mais precarização. A cada dia o governo ataca o funcionalismo e os demais trabalhadores com projetos, decretos, emendas e leis como o Spprev que privatiza a previdência no estado ou o SuperSimples que regulamenta a fraude trabalhista.
Assistimos a condições desumanas de trabalho em nossa Universidade com o respaldo da reitoria com os contratos precários e terceirizados. Ao mesmo tempo vemos nosso presidente chamar de “heróis” ministros que recebem somente R$8.000 (sem contar os benefícios).
Não conseguimos entender porque apesar de todas as coisas que nos unem, continuamos separados. Por que ainda não estamos lado a lado com os trabalhadores da rede de ensino, os trabalhadores da saúde, entra tantas outras categorias que lutam pelas mesmas coisas que nós? Por acaso achamos que sozinhos podemos tudo?
Nossa intenção com esta carta é abrir essa discussão com os professores. É por todos esses motivos que ocupamos a direção desta faculdade. A ocupação é uma forma de luta e mesmo que radicalizada, ainda é insuficiente para todas as conquistas que queremos. Esperamos nos encontrar lado a lado para travar esta batalha.

Comissão de Imprensa e Comunicação – Ocupação 2007
UNESP - Campus de Marília

2 comentários:

Dylan Klebold disse...

"...reivindicamos que os estudantes possam utilizar livremente da infra-estrutura da faculdade..."

Hein?

Unknown disse...

Parabéns aos estudantes da Unesp de Marília pela ação direta de ocupação da direção, tendo exemplo a ocupação da reitoria por parte dos estudantes da usp, deflagra um movimento de quebra da "normalidade" reinante na universidade e denuncia o sucateamento e a mercantilização do ensino superior público.

Saudações populares, até a vitória!